Obrigado, O Sul. Copie mais

Enquanto vinha de táxi para o trabalho hoje descobri que o jornal O Sul gostou de um texto meu. Imagino que gostou bastante. Tanto que decidiu roubá-lo.

Jornais costumam reclamar da deslealdade da internet em se apropriar de seu noticiário. Mas os sites de notícias sérios aprenderam a se comportar com lealdade à fonte, no mínimo dando o crédito pela informação. No jornalismo na internet, não importa tanto quem publicou primeiro. É uma forma de honestidade dizer ao leitor qual foi a fonte da notícia. O que torna ainda mais escandaloso o que fez O Sul.

No domingo, escrevi para o Terra uma matéria sobre um jornalista-robô inventado no Japão. Tema interessante, nada demais. O Terra não foi o primeiro a tratar do assunto. Como credita a matéria, o site de tecnologia Singularity Hub descobriu-o primeiro, servindo de fonte primária. Mas não foi a única. O próprio Laboratório de Sistemas Inteligentes e o Twitter serviram de base para o texto, reunindo mais informações sobre como funcionava o robô.

Até aí ok. A notícia não é de ninguém. Mas o texto sim. Por isso é escandaloso que a mesma matéria publicada no domingo à noite esteja praticamente na íntegra na página 6 do caderno reportagem de O Sul nesta quinta-feira.

No Terra:

“No futuro, pode se tornar comum o público acostumado a assistir entrevistas comandadas não por humanos, mas por robôs?

A possibilidade tornou-se um pouco mais real com uma invenção apresentada no Japão. Cientistas do Laboratório de Sistemas Inteligentes (ISI na sigla e inglês) da Universidade de Tóquio criaram o que poderá ser chamado de “jornalista do futuro”: um robô.

Desde 2002 pesquisadores americanos trabalham na criação de um robô capaz de exercer a função de jornalistas em situações de riscos, o front numa guerra, por exemplo. Estes, no entanto, são apenas robôs controlados à distância e dependem de ordens de humanos sobre o que fazer. A novidade apresentada em Tóquio é totalmente autônoma.

O robô-jornalista, afirmam os cientistas, é capaz de explorar o ambiente e relatar o que observou. Ao detectar mudanças à sua volta, decide se são relevantes, e então pode fotografá-las com sua câmera integrada.

Montado sobre a estrutura de um segway – meio de transporte de duas rodas criado na década passada -, o robô também é capaz de fazer entrevistas com pessoas e buscar na internet informações que o ajudem a entender o que se passa. Se algo parecer digno de virar notícia, irá escrever um texto e publicá-lo na web.

Em seu perfil no Twitter, Charlie Catlett, pesquisador dos laboratórios Argonne National, nos Estados Unidos, mostrou-se impressionado com o robô, apresentado no encontro mais recente da Sociedade de Processamento de Informação do Japão. “Por combinar o mundo real e pesquisa na internet, o jornalista robô é um passo adiante com relação a outros sistemas automáticos. Espere algum tempo e robôs como esse poderiam se tornar valiosos para a produção de notícias em toda parte”, escreveu a respeito o site de tecnologia Singularity Hub.

Em novembro passado, um programa criado pelo Intelligent Informations Lab, da Universidade Northwestern, mostrou-se capaz – alimentado com as informações – de escrever um texto sobre beisebol sem interferência humana. O jornalista robô japonês leva as invenções a outro nível. É capaz de coletar sozinho as informações. Por um bom tempo jornalistas humanos certamente terão a preferência do público. Mas não dá para negar: ganharam um concorrente”.

Em O Sul de hoje:

Já pensou em assistir a uma entrevista feita por uma máquina? A possibilidade tornou-se mais real com uma invenção apresentada no Japão. Cientistas do Laboratório de Sistemas Inteligentes (ISI na sigla e inglês) da Universidade de Tóquio criaram o que poderá ser chamado de “jornalista do futuro”: um robô.

Desde 2002 pesquisadores americanos trabalham na criação de um humanoide capaz de exercer a função de jornalistas em situações de riscos, o front numa guerra, por exemplo. Esses, no entanto, são apenas robôs controlados à distância e dependem de ordens de humanos sobre o que fazer. A novidade, porém, é totalmente autônoma.

O robô-jornalista é capaz de explorar o ambiente e relatar o que observou. Ao detectar mudanças, decide se são relevantes, e então pode fotografá-las com sua câmera integrada.

Montado sobre a estrutura de um segway – meio de transporte de duas rodas criado na década passada -, o robô também é capaz de fazer entrevistas com pessoas e buscar na internet informações que o ajudem a entender o que se passa. Se algo parecer digno de virar notícia, escreve o texto e publica na web.

Em seu perfil no Twitter, Charlie Catlett, pesquisador dos laboratórios Argonne National, nos Estados Unidos, mostrou-se impressionado com a criação. “Por combinar o mundo real e pesquisa na internet, o jornalista robô é um passo adiante com relação a outros sistemas automáticos. Espere algum tempo e robôs como esse poderiam se tornar valiosos para a produção de notícias em toda parte”, escreveu.

Em novembro passado, uma máquina do Intelligent Informations Lab, da Universidade Northwestern, mostrou-se capaz – alimentado com as informações – de escrever um texto sobre beisebol sem interferência humana. Mas o jornalista robô japonês leva as invenções a outro nível – à coleta de informações.

As diferenças entre um texto e outro são ridículas. Se trata de uma cópia. Plágio vergonhoso. E pior: uma cópia mal feita. Na real, o assunto não é tão importante que mereça algo além de um registro. Mas não custa dizer o tipo de jornalismo que, ao que parece, é feito por O Sul. É defasado (publicou uma matéria quatro dias depois), incorreto (credita ao pesquisador a declaração de um site) e, fundamentalmente, preguiçoso. No mínimo.

About Alexandre Rodrigues

Alexandre Rodrigues não acredita no terceiro segredo de Fátima.
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5 Responses to Obrigado, O Sul. Copie mais

  1. Pô, velho, eu queria saber é se rolou chamada entre as músicas da Continental. Eu não leio o Sul. Prefiro as manchetes na Continental. É demais! Entre um A-Ha e um Peter Frampton: “No futuro, pode se tornar comum o público acostumado a assistir entrevistas comandadas não por humanos, mas por robôs? LEIA AMANHÃ EM O SUL.” O “em o” é fundamental.

  2. Leila says:

    Quem estava lá há alguns anos lembra da briga da redação com o “dono” do jornal. Ele exigia que as matérias de agências fossem assinadas pelos jornalistas de lá. Pior: toda tarde, ele chegava com recortes de jornais nacionais, exigindo q os textos fossem copiados e dada autoria local. Vários jornalistas daquela época ainda guardam os recortes com os bilhetes do “dono”. Assédio moral descarado. E o Sindicato? Nada…

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